NO
LEITO DE MORTE, MÁRCIA TERIA VISTO PAPAI JÁ FALECIDO? SERIA ISSO POSSÍVEL?
Aos 56 anos, no dia 30 de dezembro de 2012,
faleceu minha irmã Márcia, Marcinha como nós a chamávamos.
Márcia adoeceu gravemente cerca de três
anos atrás, foi submetida a uma delicada cirurgia cardíaca na qual teve uma
longa parada e voltou à vida graças a Deus e a habilidosa e insistente atuação de
um dos médicos que a acompanhava.
No último mês de dezembro, a doença se
manifestou mais severamente de modo a tirar-lhe do nosso convívio.
No dia do sepultamento eu soube, então, de
uma conversa que ele teve com minha irmã, Magda, dois dias antes do seu
falecimento, quando já estava internada no hospital.
Marcinha disse para Magda que sabia que não
sobreviveria à enfermidade, que não sairia viva do hospital. Disse que estava
tranquila e Magda confirmou que o semblante dela era de confiança e paz, apesar
da iminência da morte.
Márcia disse também que na noite anterior
papai a teria visitado. Ele teria se apresentado com um sorriso que ela jamais
vira... Em seguida, desaparecera.
Os meus filhos Rebeca e Nino ouviram a
história e me perguntaram se isso seria possível. Se, de fato, Márcia viu papai
quando ela estava prestes a morrer.
Os fenômenos da vida, sobretudo os que não
são materiais, precisam ser interpretados pelo cristão do ponto de vista
bíblico e na Bíblia eu considero presentes dois princípios fundamentais para a
interpretação de todos os fenômenos: o
princípio da revelação e o princípio da validação.
Relativamente ao primeiro princípio, o da revelação, significa que a Bíblia nos
revela Deus, a criação, a queda do homem, o plano de salvação, a vontade dEle
para o agir humano segundo amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como
a si mesmo etc.
A Bíblia revela Deus, mas não apenas a
Bíblia revela Deus. A natureza também revela Deus, como nos disse Paulo na
Carta aos Romanos, 1:20. Ademais, a Bíblia e a natureza nos revelam Deus
segundo a nossa capacidade/possibilidade de compreensão. Há em nós uma
limitação que nos impede do perfeito conhecimento dEle.
Quanto ao princípio da validação, corresponde a que a correta interpretação dos fenômenos
espirituais só é possível diante do que a Bíblia nos revela. Enfim, todos os
fenômenos precisam ser checados, analisados, considerados à luz do que a
Bíblia, no seu sistema, nos revela.
Assim, para que eu respondesse a pergunta
dos meus filhos sobre a possibilidade de minha irmã ter visto meu pai quando
ela estava no leito de morte, eu preciso verificar se esta possibilidade é
bíblica ou seja, se é revelada e/ou se passa pela validação.
Os cristãos que consideram a Bíblia sua única regra de fé e prática sabem que não é possível a
comunicação com os mortos. Aos homens está ordenado morrer uma única vez e
segue-se o juízo, conforme a Carta aos Hebreus, 9:27.
Também temos a parábola que Jesus Cristo contou, como registrado em Lucas 16:1-16, que revela a impossibilidade
de comunicação entre vivos e mortos.
O cristianismo, com base na Bíblia, nega a comunicação dos vivos com os mortos, inclusive
por meio dos chamados “médiuns”, porque o fenômeno não passa pela validação bíblica. Antes é por ela
condenado – Isaías 8:19; 2Reis 1:6 e Levítico 20:27, entre outros.
No caso, porém, da “visita” de pessoa
falecida, como teria ocorrido com a minha irmã, não tivemos comunicação entre vivo e morto; não foi fenômeno de “aparecimento”
por médium; não houve palavra, admoestação, advertência etc., de modo que, no
meu entender, é possível que Márcia, de fato, tivesse visto meu pai que hoje está no paraíso,
por esperança nossa e dele em Cristo Jesus.
Notem que Jesus foi confortado por Elias e Moisés antes de sua
morte, conforme Marcos 9:1-4, no monte da transfiguração.
Estevão, o primeiro mártir da igreja, viu os céus abertos e o próprio Jesus, de
pé, aguardando o ingresso dele no paraíso, de acordo com Atos 7:56-60.
É possível que Deus, por sua infinita
bondade, misericórdia e amor tenha permitido à Márcia, num momento em que ela tenha sentido temor ou
apreensão motivada pela premência da morte, uma visita de conforto, de
consolação, a partir de um sorriso que ela jamais vira no meu pai enquanto vivo
ele esteve... Daí a conclusão de Magda: "Márcia estava tranquila e em paz, mesmo
sabendo que a morte estava próxima".
É assim que eu creio!